O porco mealheiro

Numa altura em que cada vez mais existe a preocupação de seguir uma alimentação saudável e é isso que tentamos transmitir às crianças, pergunto eu: faz sentido continuar a insistir no porco mealheiro? Toda a gente sabe que a carne de porco não é lá muito saudável, devendo ser preterida em favor das mais saudáveis carnes brancas (frango, perú, etc.). Parece-me um contra-senso dizer às crianças que não devem comer porco e depois andar por trás a dar-lhes moedas para engordarem o seu porco mealheiro.

Vai daí proponho que se acabe com o porco mealheiro e que o mesmo seja substituído por algo alusivo a um estilo de vida mais saudável. Sugiro algo como “frango mealheiro”, “perú mealheiro” ou quem sabe até “salmão mealheiro”, pois toda a gente sabe que o peixe é mais saudável do que a carne e no universo dos peixes o salmão faz muito bem ao coração.

Antevejo até o surgimento de uma marca especializada em “animais mealheiros”, com uma gama que vai desde os já referidos “frango mealheiro” e “salmão mealheiro”, para famílias que gostam mais de carne ou peixe, até ao “hambúrguer de soja mealheiro” para os vegetarianos.

Parece-me uma boa ideia.

O espectáculo de magia

Sempre me senti intrigado com aquelas máquinas de contar notas que existem nos bancos. Não percebo como é que é possível aquilo funcionar mesmo. Uma pessoa mete para lá 10.250 euros em notas de 10, 20, 50, 100 e 500 euros, só para confundir, e a máquina em escassos segundos está a confirmar o valor.

Tem que haver algum truque por detrás daquelas máquinas e eu acho que já descobri qual é. A máquina de facto não sabe contar. Tudo aquilo é encenação para impressionar o cliente. Na verdade o que acontece é que as máquinas têm um sistema de reconhecimento de voz e quando o cliente diz “Vinha depositar estes 500 euros” a máquina regista o “500 euros” e é esse valor que gloriosamente mostra no fim.

No fundo é como um espectáculo de magia, que todos sabemos que tem algum truque, mas não deixamos de ficar boquiabertos e mostrar o nosso espanto perante o desfecho. “Mas como é que ele fez aquilo?”, perguntamos.

Pois bem caro leitor, da próxima vez que for ao banco depositar 500 euros experimente dizer “Vinha depositar estes 1000 euros” e vai ver o que acontece!

Descontinho


Ontem fui à farmácia e estava lá uma senhora com duas amigas a experimentar óculos de sol (na verdade não era bem uma senhora, mas também não era uma rapariga; andaria na casa dos 35 ou por aí…chamemos-lhe simplesmente “a cliente”). Dizia ela que já tinha comprado ali uns óculos no ano passado, mas que os tinha partido e precisava de uns novos. Experimentou uns, olhou para o espelho, pediu a aprovação das amigas e lá se decidiu a perguntar o preço. A farmacêutica disse que ia verificar o preço e lá lhe comunicou que os ditos óculos custavam 23 euros.

Eu sei que estamos em crise e sei bem que há muitas pessoas com dificuldades financeiras neste país, mas na minha perspectiva 23 euros por uns óculos de sol não é propriamente muito dinheiro, tendo em conta que uns bons óculos de sol custam para cima de 150 euros e além disso estes até tinham bom aspecto. Bom, mas a cliente pelos vistos não partilha da minha opinião e perguntou o seguinte: “O preço é fixo?”, ao que a farmacêutica respondeu afirmativamente. Então a cliente, não satisfeita, continuou: “Não há um descontinho? Eu já comprei uns óculos aqui no ano passado…”.

Confesso que admiro o à vontade destas pessoas. Regatear o preço de uns óculos de sol na farmácia como se estivesse a comprar nos ciganos? Bolas, é preciso ter muita lata. Nunca tal coisa me passaria pela cabeça. Estou mesmo a imaginar essa mesma cliente a comprar medicamentos e a dizer: “Não me faz um descontinho no Ben-ur-on? Já comprei uma caixa aqui no mês passado, ainda por cima era das grandes. E o Brufen está caríssimo, ou bem que me baixa o preço ou vou comprar ali ao lado!”.

Imaginem agora se as pessoas se lembravam de pedir desconto em tudo o que era sítio, por exemplo nos correios. “Olhe desculpe, mas eu a semana passada enviei duas cartas registadas com aviso de recepção portanto agora devia-me fazer um desconto neste envio.”. Havia de ser bonito.

Escusado será dizer que a farmacêutica não lhe fez desconto nos óculos de sol.

Dilemas do dia-a-dia

O nosso quotidiano apresenta-nos, não raramente, desafios interessantes. A lavagem da roupa é um desses desafios. Passo a explicar. Se é um dado adquirido que a roupa interior, ou uma camisa, por exemplo, se usam uma vez e vão para lavar, o mesmo já não se passa com as calças. As calças são um tipo completamente diferente de roupa. Quem é que põe as calças a lavar após as ter usado apenas uma vez?

A questão é que gerir o período de lavagem das calças não é fácil. Depende de diversos factores, tais como o número de vezes que se utilizou as calças, o tipo de locais onde se esteve sentado, enfim, uma panóplia de variáveis que tornam a gestão da lavagem das calças um desafio constante.

Sendo assim lanço aqui um repto aos fabricantes de calças: inventem um sistema que nos diga quando as calças têm que ir para lavar, tipo o dosímetro dos técnicos de radiologia que indica o nível radiações a que eles estiveram sujeitos. Eu agradecia!

Escrita Criativa

Recentemente inscrevi-me num curso de escrita criativa. Nem sabia muito bem o que era isso, mas sempre gostei de escrever e queria fazer um curso que estimulasse esse prazer pela escrita e que me desse ferramentas para escrever mais e melhor.

Bastou uma pesquisa no Google para encontrar a Companhia do Eu. Depois de navegar pelo site, que sinceramente deixa muito a desejar de tão pouco intuitivo que é, lá acabei por encontrar o curso de escrita criativa tamanho M, que ia começar em Março. Então não perdi mais tempo, atirei-me de cabeça e inscrevi-me, sem saber muito bem para o que ia.

Bom, posso dizer que o curso correspondeu às minhas melhores expectativas. Para começar, o organizador e um dos formadores do curso, Pedro Sena-Lino (que também tem o seu blog), é fantástico e transmite uma dinâmica muito interessante às aulas.

Só para terem uma ideia, decorridos pouco mais de 5 minutos da primeira aula, o Pedro virou-se para nós e disse: “Agora imaginem que são uma aspirina efervescente e que estão a cair num copo de água. Têm 3 minutos para escrever um texto sobre o que está a pensar a aspirina enquanto cai”! Confesso que fui apanhado de surpresa e a única coisa que consegui escrever foi isto:

“Vou morrer. Vou ficar desfeita em bocadinhos. Será que vai ser mau? Talvez consiga desviar-me da água. Hmmm, mas isso parece um bocado difícil. Talvez se eu tiver uma conversa com a água consigamos chegar a um acordo. Estou cada vez mais próxima.”

Em todas as aulas temos que escrever sempre dois ou três textos, sempre com o tempo muito limitado. O nível das pessoas que frequentam as minhas aulas é elevado, vê-se que já têm alguma experiência de escrita e recursos que eu não tenho, mas estou lá é para me divertir e aprender coisas novas e para já tem sido uma experiência deveras interessante!

Ser pai

Já que hoje é dia do pai, vou escrever aqui algumas palavras sobre o que é para mim ser pai. Para mim ser pai é a aventura mais fabulosa das nossas vidas. Todos os dias são uma caixinha de surpresas. Os nossos filhos surpreendem-nos a cada dia que passa, à medida que vão crescendo.

Infelizmente, pelo menos em Portugal, um pai participativo, que partilha com a mãe a educação e as tarefas diárias relacionadas com os filhos, ainda é mal visto. Homem que é homem não muda fraldas, nem dá banhos, nem dá a sopa ao bebé. Quem faz isso é a mãe. Se é preciso ir às vacinas com as crianças, a mãe que vá. Se é preciso ir ao pediatra, a mãe que vá.

Ora eu não me identifico minimamente com esta maneira de pensar. Dar banho aos meus filhos? Porque não? Faço isso todos os dias e com muito gosto. Mudar fraldas? Está certo que não é agradável, mas porque é que há-de ser apenas a mãe a fazê-lo enquanto o pai fica no sofá a ver futebol e a beber uma cerveja? Eu mudo diariamente as fraldas do meu filho e não tenho qualquer problema com isso. São momentos de partilha importantes e pelos quais todos os homens deveriam passar.

Observar os nossos filhos a crescerem, interagir com eles, vê-los a aprenderem, a brincarem é algo que eu não perderia por nada deste mundo. E esses momentos não se repetem, não voltam atrás. Têm que ser aproveitados agora.

Para mim não há melhor sensação do que chegar a casa ao fim da tarde, depois de um dia de trabalho, colocar a chave na fechadura da porta e começar a ouvir a minha filha a gritar “Pai, paaaaaiiiiii!” e a vir a correr para o meu colo.

Portanto para mim ser pai é…ser pai! É sê-lo de corpo e alma, não é só deixar os filhos na escola de manhã e só voltar a vê-los à noite, quando eles já estão provavelmente a dormir.

Bom dia do pai!

Fui ao shopping

Está um calor que não se pode, ninguém consegue respirar lá dentro, as lojas estão apinhadas, está um barulho infernal. O que eu acabo de descrever é o local predilecto dos portugueses para passarem os seus serões e fins-de-semana e onde eu tive a infelicidade de ter que entrar hoje à noite (presentes de última hora obrigam-nos a estas coisas). Estou a falar, claro, dos centros comerciais (ou shoppings, como queiram).

Odeio centros comerciais. Primeiro demorei 15 minutos a arranjar lugar para parar o carro. Dei voltas e voltas e voltas e não havia maneira de arranjar um lugarzinho que fosse. Todos os lugares que iam ficar livres já tinham um carro parado à espera de estacionar lá. E aquelas estúpidas luzinhas por cima dos lugares só nos enganam! Uma pessoa vê uma luz verde, pensa que tem um lugar livre, acelera por ali fora feito maluco e quando lá chega o lugar está ocupado, mas por alguma razão o carro não foi detectado.

Depois quando entrei lá dentro até me assustei, tal a quantidade de gente que lá andava. Mas esta gente não tem nada mais interessante para fazer numa sexta-feira à noite do que enfiar-se no centro comercial? Uma pessoa vai a Espanha e só se vê gente na rua, à noite. Pais, filhos, velhos, crianças, anda tudo na rua. Faça chuva ou faça sol, faça frio ou esteja calor. Nós não, resolvemos enfiar-nos nos centros comerciais.

Podemos encontrar lá de tudo. O casal de fato de treino, presença sempre importante e habitual neste locais. O fato de treino quanto mais roxo ou lilás fôr melhor. Encontramos também o grupo de teenagers, normalmente às três de cada vez e de preferência abraçadas ou de mãos dadas. E, claro, com a barriga à mostra, pois teenager que é teenager tem que ter a barriga à mostra, nem que esteja um frio de rachar. Falta também o casal bem vestido, ele de fato e gravata, ela toda aprumada como se fosse para uma festa. Depois temos os “grunhos”, normalmente atarrecados, que vestem calças de ganga, meias brancas, casaco de couro e camisa aberta a mostrar um fio dourado. A mulher é, regra geral, igualmente atarrecada, sobre o gorda, mal disposta e passa a vida a espancar os filhos (e parece que tem prazer nisso). Andam normalmente devagar e com as mãos nos bolsos.

E a praça da alimentação? Meu deus, eles são mais que as mães! Tirem-me deste filme! Filas e filas para comprar comida. O tamanho da fila normalmente proporcional à aproximação da ementa à gastronomia tradicional portuguesa. Ou seja, filas infindáveis naqueles sítios que vendem rojões e bifanas e qualquer coisa com arroz e batatas fritas. Filas pequenas naqueles sítios que vendem saladas e afins. Para comer arroz e batatas fritas mais valia ficarem em casa. Não percebo como é que alguém se pode sentir confortável num sítio daqueles. Enquanto almoçamos ou jantamos, se prestarmos atenção conseguimos distinguir 1436 vozes diferentes a falarem ao mesmo tempo e se pensarmos muito nisso começamos a dar em loucos. Eu por mim prefiro comer calmamente em casa, comida saudável acompanhada de uma música agradável. Ou então um restaurante acolhedor, com luz ténue, onde se coma bem e se possa conversar.

Falta, claro, falar do cinema, onde por acaso já não vou há séculos (quem tem filhos pequenos tem que abdicar de certas coisas). E em relação ao cinema só me ocorre uma coisa: quem é que consegue comer aqueles pacotes de pipocas do tamanho de uma criança de 3 anos e beber aqueles copos com 10L de Coca-Cola?

Bom, já devem ter percebido a ideia. Não me vou alongar mais.

Fui ao supermercado

Há uma coisa que me chateia nos supermercados. Antigamente éramos nós que colocávamos as compras nos sacos, o funcionário da caixa limitava-se a passar os produtos pelo leitor de código de barras. Entretanto a tecnologia foi evoluindo e os leitores de códigos de barras foram ficando mais rápidos e precisos. Isto fez com que o tempo de espera nas filas diminuísse. Óptimo! Não, esperem, alguém se lembrou de que se prestava um melhor serviço ao cliente colocando-lhe as compras nos sacos. Esta moda começou nos supermercados de proximidade, tipo Modelo e Pingo Doce, mas rapidamente se alastrou também aos hiperrmercados.

Ainda ontem fui fazer umas compras ao Continente (onde vou duas vezes por ano, detesto hipermercados) e a funcionária da caixa conseguiu demorar 5 minutos a colocar 3 coisas dentro de um saco. E ainda queria separar as compras em 2 sacos! E se há funcionários que até são rápidos a colocar as compras nos sacos, há outros que são um autêntico desespero, como a senhora que me atendeu.

Eu ainda compreendo que em supermercados tipo Corte Inglês se faça isto, pois são suspermercados premium, com pouca gente e portanto poucas filas de espera e que marcam a diferença no atendimento ao cliente. Mas nos supermercados “generalistas” isto não faz sentido. Primeiro demoramos muito mais tempo a ser atendidos, eliminando qualquer vantagem no facto de existirem leitores de códigos de barras ultra-rápidos e eficientes. Depois acabamos por levar muito mais sacos para casa, pois os funcionários de caixa gostam muito de dividir as compras pelo maior número de sacos possível, o que ecologiamente está errado. Já é mau darem-nos sacos de plástico em vez de nos obrigarem a trazer os nossos próprios sacos.

Enfim, deixo aqui um apelo: acabem com essa palermice de colocarem as nossas compras nos sacos e concentrem-se mas é em despachar o atendimento o mais rapidamente possível!

Um post por semana

Pois é, isto de escrever um post por ano não está com nada. De facto é necessária alguma disciplina para manter um blog actualizado, para além obviamente da inspiração. Ora como eu gosto mesmo de escrever, uma das resoluções que tomei para 2011 foi manter este blog mais actualizado.

Nem de propósito, a WordPress está a levar a cabo uma campanha que incentiva os bloggers a escreverem mais. Nesse sentido lançaram duas campanhas: Post a Day 2011 e Post a Week 2011. Basicamente quem aderir à primeira “obriga-se” a escrever um post por dia até ao final de 2011 e quem aderir à segunda a escrever um post por semana.

Parece-me uma forma engraçada de me obrigar a escrever mais. Como não sou masoquista, não vou aderir à campanha de um post por dia. Mas parece-me razoável tentar a meta de um post por semana. Pois bem, aqui anuncio que aderi à campanha Post a Week 2011. A ver vamos no que isto vai dar…